quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Um Olhar











Deslaço o nó da garganta
na orla quase obscena da pressa
com que passo pelos outros.
Demoro o olhar nos sonhos alheios
que nunca foram ditos
e, neles reconheço, um por um,
o esboço dos meus.
Posso endereçar um verso
para estancar o sangue nas mãos
fracturadas de tanta ausência.
Posso repetir um nome fraterno
que levede os afectos.
Posso desfraldar, no peito, as tréguas
de uma vida rente à inquietação.
Posso?

Graça Pires
http://ortografiadoolhar.blogspot.com/

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